segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Dr. ODILON DE OLIVEIRA UM ORGULHO NACIONAL

Odilon de Oliveira, de 56 anos, estende o colchonete no piso frio da sala, puxa o edredom e prepara-se para dormir ali mesmo, no chão, sob a vigilância de sete agentes federais fortemente armados. Oliveira é juiz federal em Ponta Porã, cidade de Mato Grosso do Sul na fronteira com o Paraguai e, jurado de morte pelo crime organizado, está morando no fórum da cidade. Só sai quando extremamente necessário, sob forte escolta. Em um ano, o juiz condenou 114 traficantes a penas, somadas, de 919 anos e 6 meses de cadeia, e ainda confiscou seus bens. Como os que pôs atrás das grades, ele perdeu a liberdade. 'A única diferença é que tenho a chave da minha prisão'.

Traficantes brasileiros que agem no Paraguai se dispõem a pagar US$ 300 mil para vê-lo morto. Desde junho do ano passado, quando o juiz assumiu a vara de Ponta Porã, porta de entrada da cocaína e da maconha distribuídas em grande parte do País, as organizações criminosas tiveram muitas baixas.Nos últimos 12 meses, sua vara foi a que mais condenou traficantes no País.


Oliveira confiscou ainda 12 fazendas, num total de 12.832 hectares, 3 mansões - uma, em Ponta Porã, avaliada em R$ 5,8 milhões - 3 apartamentos, 3 casas, dezenas de veículos e 3 aviões, tudo comprado com dinheiro das drogas. Por meio de telefonemas, cartas anônimas e avisos mandados por presos, Oliveira soube que estavam dispostos a comprar sua morte.
'Os agentes descobriram planos para me matar, inicialmente com oferta de US$100 mil.' No dia 26 de junho, o jornal paraguaio Lá Nación informou que a cotação do juiz no mercado do crim
e encomendado havia subido para US$ 300 mil. 'Estou valorizado', brincou. Ele recebeu um carro com blindagem para tiros de fuzil AR-15 e passou a andar escoltado.
Para preservar a família, mudou-se para o quartel do Exército e em seguida para um hotel. Há duas semanas, decidiu transformar o prédio do Fórum Federal em casa. 'No hotel, a escolta chamava muito a atenção e dava despesa para a PF.' É o único caso de juiz que vive confinado no Brasil
. A sala de despachos de Oliveira virou quarto de dormir. No armário de madeira, antes abarrotado de processos, estão colchonete, roupas de cama e objetos de uso pessoal. O banheiro privativo ganhou chuveiro. A família - mulher, filho e duas filhas, que ia mudar para Ponta Porã, teve de continuar em Campo Grande. O juiz só vai para casa a cada 15 dias, com seguranças. Oliveira teve de abrir mão dos restaurantes e almoça um marmitex, comprado em locais estratégicos, porque o juiz já foi ameaçado de envenenamento. O jantar é feito ali mesmo. Entre um processo e outro, toma um suco ou come uma fruta.
'Sozinho, não me arrisco a sair nem na calçada.' Uma sala de audiências virou dormitório, com três beliches e televisão. Quando o juiz precisa cortar o cabelo, veste colete à prova de bala e sai com a escolta. 'Estou aqui há um ano e nem conheço a cidade.' Na última ida a um shopping, foi abordado por um traficante. Os agentes tiveram de intervir. Hora extra. Azar do tráfico que o juiz tenha de ficar recluso. Acostumado a deitar cedo e levantar de madrugada, ele preenche o tempo com trabalho. De seu 'bunker', auxiliado por funcionários que trabalham até alta noite, vai disparando sentenças. Como a que condenou o mega traficante Erineu Domingos Soligo, o Pingo, a 26 anos e 4 meses de reclusão, mais multa de R$ 285 mil e o confisco de R$ 2,4 milhões resultantes de lavagem de dinheiro, além da perda de duas fazendas, dois terrenos e todo o gado. Carlos Pavão Espíndola foi condenado a 10 anos de prisão e multa de R$ 28,6 mil. Os irmãos , condenados respectivamente a 21 anos de reclusão e multa de R$78,5 mil e 16 anos de reclusão, mais multa de R$56 mil, perderam três fazendas. O mega traficante Carlos Alberto da Silva Duro pegou 11 anos, multa de R$82,3 mil e perdeu R$ 733 mil, três terrenos e uma caminhonete. Aldo José Marques Brandão pegou 27 anos, mais multa de R$ 272 mil, e teve confiscados R$ 875 mil e uma fazenda.
Doze réus foram extraditados do Paraguai a pedido do juiz, inclusive o 'rei da soja' no país vizinho, Odacir Antonio Dametto, e Sandro Mendonça do Nascimento, braço direito do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. 'As autoridades paraguaias passaram a colaborar porque estão vendo os criminosos serem condenados.' O juiz não se intimida com as ameaças e não se rende a apelos da família, que quer vê-lo longe desse barril de pólvora. Ele é titular de uma vara em Campo Grande e poderia ser transferido, mas acha 'dever de ofício' enfrentar o narcotráfico. 'Quem traz mais danos à sociedade é mega traficante. Não posso ignorar isso e prender só mulas (pequenos traficantes) em troca de dormir tranqüilo e andar sem segurança.'

ESTE MERECE NOSSOS APLAUSOS!
POR ACASO A MÍDIA NOTICIOU ESSA BRAVURA QUE O BRASIL PRECISA SABER?

O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO


E para encerrar o mês de novembro com chave de ouro, Mané Beradeiro nos conta hoje um causo que aconteceu com Francisco Martins Alves Neto, quando ele fora seminarista diocesano, isso foi lá pros idos de 1983. Neto, como era conhecido, foi convidado pelo Cônego Ruy Miranda, então pároco de Ceará Mirim, para acompanhar o missionário Frei Damião, nas missões populares que estavam acontecendo na praia de Maracajaú-RN.
Numa das noites das missões Cônego Ruy não pode ficar naquela localidade, pois foi vitimado por uma forte dor de dende. Neto fica sozinho com Frei Damião.
À noite, o frade capuchinho fez a pregação para uma grande multidão e, como sempre, após a homilia, dava a bênção do santíssimo aos presentes. E é aqui que começa o humor do causo, acompanhem.
Frei Damião para dar a bênção do santíssimo precisava usar uma veste litúrgica conhecida por VEU DE OMBRO. Ele entra na capelinha e pede ao seminarista (Neto), falando bem baixinho:
--Dê-me o véu de ombro.
Neto entende: "Padre Ruy tá onde?" e responde:
--Foi para Ceará Mirim, com uma grande dor de dente.
Novamente o frade capuchinho pede com voz calma, porém muito baixa:
--Dê-me o véu de ombro.
Desta vez Neto, entendeu errado de novo, achava que ele tinha perguntado: "Qual é o seu nome?" e respondeu:
--Neto.
Frei Damião olhou bem sério para Neto e falou mais alto um pouco:
--Dê-me o véu de ombro!
O pobre do seminarista, com todo aquele barulho das beatas que cercavam a capelinha e não deixava entender o que o frade falava, mais uma vez interpretou de forma errônea:
--Sou daqui mesmo, de Dom Marcolino, distrito de Maxaranguape.
Foi a gota d'água. O Capuchinho berrou literalmente aos ouvido do seminarista:
-DÊ-ME O VÉU DE OMBRO! VOCÊ É MÔCO, DOIDO?
Aí sim, o seminarista largou o véu de ombro nas espáduas do Frei Damião, e fez com tanta força que mais parecia um vaqueiro pondo uma cangalha num jumento.

domingo, 29 de novembro de 2009

MANÉ BERADEIRO GANHA SUA CARICATURA


A artista plástica Cimara Cláudia, que trabalhou aqui em Natal e agora reside em São Paulo, Capital, foi a criadora da caricatura de Mané Beradeiro, personagem que o escritor Francisco Martins Alves Neto realiza dentro do projeto Momento do Livro.
Agora, a arte de Cimara Cláudia fará parte dos textos que são postados neste blog, com o título:O Humor de Mané Beradeiro, onde são contados causos da nossa literatura potiguar.
Aguardamos comentários dos leitores sobre o desenho acima.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

ASSIM DISSERAM ELES...


"Há gente que muito fala, sem quase nada dizer. É mais sábio quem se cala para escutar...e aprender".

Aparício Fernandes, escritor (1934-1996)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A CRONOLOGIA DA MULHER

Aos dez anos algumas ainda bricam. Há até aquelas que seguram bonecas.
Aos quinze anos, inegavelmente estão desabrochadas no jardim da vida. São flores femininas, mulheres em expansão.
Aos vinte anos, acham-se no direito de voar, corpo e mente há muito que já perderam a definição do que seja limite. Para elas há tão somente o céu e o horizonte, únicas verdades a conquistar.
Aos trinta anos, muitas delas já acalentam nos braços o fruto de um amor. Têm nos filhos a expressão máxima da sublime vocação da mulher.
Aos quarenta anos, estão no topo. São lobas aguçadas, mulheres maduras, que preferem caçar a serem escolhidas.
Aos cinquenta anos, contemplam o lar (quando ainda existem) reúnem-se com amigos (as), buscam algumas rejuvenescer o corpo.
Aos sessenta anos, deleitam em celebrar as vitórias dos netos. Sonham em descansar. Algumas sustentam a família com o que recebem da aposentadoria.
Aos setenta anos, mãos frágeis, pernas que se negam a manter a velocidade de alguns anos atrás, elas representam para nós nosso patrimônio maior.
Aos oitenta anos, quando ainda a temos conosco. somos ricos, pela pessoa que são, experientes, vividas.
Aos noventa anos. Ah! quem dera que em cada casa deste Brasil pudéssemos ter uma mulher anciã. Bem cuidada, alimentada, sadia, com cabelos brancos, olhos brilhantes e voz baixa a nos falar da beleza que é ser mulher.

Extraído do livro: Degustando Poesia, de Francisco Martins, ano 2007, páginas 66/67.

REPELENTE BARATO E EFICAZ

Taí um coisa barata, prática e eficaz. Abra um limão e espete cravos-da-índia espalhe por áreas da sua casa e verá que os mosquitos irão embora. Comprove. Faça um teste. Diga não às investidas do mosquito da dengue e a muriçoca.

domingo, 22 de novembro de 2009

O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO


O causo de hoje aconteceu na Redinha, numa época muito remota, quando não havia diversão por lá. Um dia chegou naquelas bandas um circo, tão pobre, mais tão pobre que era iluminado à base de carbureto. O circo não tinha arquibancadas, cada um levava seu próprio banco para assistir o espetáculo. O circo iria apresentar uma cena sobre a Paixão de Cristo e contratou para o elenco dois moradores da Redinha: Ferrinho e Luiz Jatobá, os dois tomaram umas pingas antes do espetáculo e quando chegou a hora já estavam prá lá de quentes. Ferrinho seria o Cristo e Luiz Jatobá o soldado que chegava no horto para prendê-lo.
O diálogo da cena deveria ser assim:
(Luiz) --Quem é o Cristo?
(Ferrinho) --Sou eu!
(Luiz) --Vim prendê-lo por ordem de Pôncio Pilatos.
Mas diante da grande quantidade de cana ingerida pelos artistas. A coisa tomou outro rumo e aconteceu desta forma:
(Luiz) --Quem é Jesus Cristo?
(Ferrinho) --Sou eu, e daí?
(Luiz) --Teje preso, por ordem do delegado.
(Ferrinho) estendendo a mão com o polegar para cima: --Ok, may friends!
É o fraco!

Causos da nossa literatura, garipado por Mané Beradeiro.

Fonte: Contribuição Norte-Americana à vida natalenses, de Protásio Pinheiro de Melo, Brasília 1993, página 77.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

ASSIM DISSERAM ELES...



"Quando escrevo, repito o que já vivi antes.
E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente.
Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo
vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser
um crocodilo porque amo os grandes rios,
pois são profundos como a alma de um homem.
Na superfície são muito vivazes e claros,
mas nas profundezas são tranqüilos e escuros
como o sofrimento dos homens."

guima_rosa.gif (2444 bytes)

João Guimarães Rosa.

*27 de junho de 1908

+ 19 de novembro de 1967


UM GRANDE DESAFIO - PARTE II


Terminei a primeira parte de ULISSES, livro de James Joyce. A leitura teve início no dia 4 de novembro p.p; Esse primeiro capítulo tem apenas dezoito páginas, mas confesso a vocês que seu conteúdo ultrapassa.
Com alegria eu digo a alguns intelectuais que estou lendo ULISSES e tem aqueles que conseguem me incentivar a continuar a leitura, mas encontro também quem não se identificou com a obra. Relembro então as palavras de Ezra Pound: " Ulisses não é um livro que todo mundo irá admirar, ...mas é coagido a ler a fim de ter uma idéia nítida do ponto de chegada de nossa arte, em nossa profissão de escritor"¹. Isso serve de consolo. Numa tarde, conversando com uma professora de português, ela me disse: "Você só vai gostar mesmo deste livro quando estiver lendo pela quarta vez". E diante desta experiência eu faço minhas as palavras do proprio James Jayce "Ou se crê ou não se crê, não é?"
E como ULISSES não é um livro para ser lido a primeira vez num pouco espaço de tempo, debruço-me no universo das palavras e expressões na esperança que a Trindade que tudo conhece dê-me inteligência e perseverança In nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti.

A saga continua... e se o amigo visitante tiver algum material sobre essa obra e desejar compartilhar comigo ficarei muito grato.


¹ Joice e o estudo dos romances modernos. Ed Mayo. Ano 1974

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO


Em Acari vive um homem que é conhecido por Zé de Nequinho, aliás em Acari as pessoas são sempre conhecidas assim, por apelido. Na época que lista de telefone tinha valor, Acari teve a sua totalmente preenchida com alcunhas dos cidadãos. Mas, voltemos a Zé de Nequinho. Estava este cabra trabalhando pela manhã, numa fazenda daquele município, realizando a árdua tarefa de colher algodão. A temperatura elevada fervia os miolos do cérebro. Zé de Nequinho e outros homens aguardavam ansiosos a hora do almoço. E, finalmente chega o tão esperado momento. Vão os trabalhadores famintos e sedentos em direção à casa do patrão, onde receberiam além de sombra e água fresca, o almoço da cozinha sertaneja.
Pois bem, neste dia, o prato principal servido foi cuscuz com leite. Zé de Nequinho comeu até não caber mais nada naquela pança abençoada. Finda a refeição, é comum permitir que os serviçais tirem alguma sesta, algo mais que meia hora e menos que uma. Aconteceu porém que nosso glutão armou a rede no alpendre da casa do patrão e ficou lá, dormindo de forma pesada.
O patrão percebeu que todos os trabalhadores voltaram à colheita do algodão, menos Ze de Nequinho. Vai até a rede, balança os punhos, acorda-o e diz:
--Trabalhar Zé! Tá na hora, todos os outros já foram.
Zé levanta um pouco a cabeça, arruma o lençol debaixo da orelha e responde:
--Vou nada. Eu vou é dormir.
E o patrão quis saber:
--Por quê?
Veio a resposta:
--Ôxente! Tu não serviu cuscuz com leite? Pois lá em casa quando a gente come cuscuz não faz mais nada não, vai é se deitar e dormir até o outro dia.
Disto isto, Zé de Nequinho balançou a rede com o pé na parede do alpendre e se pôs a dormir.

Fonte: Causo narrado por Laércio. Tendo esse recebido do próprio Zé de Nequinho.

ASSIM DISSERAM ELES


"TODA HIERARQUIA FUNDE-SE NECESSARIAMENTE EM PRIVILÉGIOS"

Sérgio Buarque de Holanda

Fonte: Raízes do Brasil, 12ª Edição, 1978. Página 6

domingo, 15 de novembro de 2009

MAIS FOTOS DE LEITURINO





ESSAS FOTOS SÃO DO EVENTO REALIZADO NA SEXTA-FEIRA ÚLTIMA, DIA 13 DE NOVEMBRO.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

AMANHÃ LEITURINO NA ESCOLA MANOEL MACHADO


Nesta sexta-feira, 13 de novembro, o Palhaço Leiturino estará tendo uma manhã especial com os alunos da professora Cristiane, na Escola Municipal Manoel Machado, no Jardim Aeroporto, em Parnamirim-RN.
Leiturino fará a contação da história "As coisas que a gente fala", de Ruth Rocha, em seguida promoverá um bingo de adivinhações e fará outras brincadeiras. Na foto, os professores do turno matutino, por ocasião da primeira visita de Leiturino àquela escola.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

HUMOR DE MANÉ BERADEIRO


Chico Martins, ao centro, na festa dos seus 70 anos, em 1973.
(Eu, Francisco Martins Alves Neto, sou este à direita, aos 9 anos)

Chico Martins, meu avó, homem criativo, cheio de histórias. Tinha sempre uma para contar àqueles que o visitavam. Estou reunindo os causos que dizem respeito a ele para posterior edição.
Chico Martins morou muitos anos em Patu - RN, depois se transferiu para Ceará Mirim.
Em Patu, onde tinha uma mercearia, certa manhã entram duas mulheres para comprar algo e uma delas observa que Chico Martins tinha o pé grande. Então ela fala:
--Veja comadre como Seu Chico tem o pé grande!
A outra respondeu:
--pu tamanho dele não é grande, tá bom.
E Chico Martins resolveu fazer um trocadilho com a resposta da mulher:
--Ei, minha mãe mesmo nunca foi puta não senhora. Que conversa é esta?
Chico Martins não sabia o que era cacofonia, mas tinha dentro de si a arte do riso.
***
É dele também a história que quando era rapaz e conseguiu a primeira namorada, na distante cidade de São José do Egito, visitava a namorada nos dias permitidos e naqueles idos de 1920 a coisa era bem diferente. Os costumes, tradições, etc. Pois bem, o jovem Chico notou que sua noiva não tinha nenhum perfume. Resolveu presenteá-la com um pote de talco de arroz, era o que havia de mais acessível em 1920 para os rapazes pobres. Passam-se dias e nada de Chico perceber que a namorada usava o talco, então um dia ele pergunta:
--E aquele talco que eu lhe dei, você não vai usar?
--Já usei Chico. Respondeu ela.
--Quando? Quis saber.
--Na mesma semana que você me deu.
--O que danado você fez com ele? Perguntou admirado.
--Fiz papa para papai e mamãe. Eles gostaram foi muito.
--Menina, aquilo não era para comer. Era para você botar na cara.
Dias depois Chico Martins traz para a namorada uma lata de doce de goiaba, novidade no mercado.
E à noite, quando vai visitá-la no dia seguinte, lá vem ela com a cara toda lambuzada de doce para recebê-lo.
Ele não aguentou e acabou o namoro.

Fonte: anotações manuscritas do próprio Chico Martins

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

AGENDA DO MOMENTO DO LIVRO

4ª feira, dia 11, pela manhã, na Escola Municipal Prfeito Mário Lira, bairro de Dix-Sept Rosado.
Apresentação de Leiturino. À noite, nesta mesma escola, às 19 horas, apresentação de Mané Beradeiro.

15ª feira, dia 12, pela manhã, o escritor Francisco Martins visitá centro histórico de Natal com quatro estudantes que sobressairam-se em produção textual, no turno vespertino, da Escola Municipal Manoel Machado, Jardim Aeroporto, Parnamirim-RN. As alunas farão visitas à Ribeira, Instituto Histórico e Geográfico, Memorial Câmara Cascudo, Palácio da Cultura e Academia Norte Riograndense de Letras.

6ª feira, dia 13, pela manhã, na Escola Municipal Manoel Machado, Jardim Aeroporto, em Parnamirim. Apresentação de Leiturino, contando histórias, cantando parlendas e adivinhações.

sábado, 7 de novembro de 2009

UM GRANDE DESAFIO - PARTE I


Quem me conhece sabe o quanto gosto de ler. E leio dos clássicos ao mais comum das produções literárias. E em todos eles tenho sempre algo a aprender.
Agora, neste mês de novembro, abraçei um grande desafio, a saber: ler ULISSES, de JAMES JOYCE. A obra não é extensa, já li livros bem maiores, como por exemplo a Bíblia, que anualmente venho lendo de Gênese a Apocalipse, seis anos consecutivos. Li também o clássico Moby Dick de Herman Melville, além de outros.
Mas, ULISSES parece ser realmente um osso duro de roer. Li o primeiro capítulo e não entendi nada. Reli e começo a tomar gosto pela obra considerada o maior romance da literatura mundial. Nas palavras de Harry Levin "um romance para acabar com todos os romances".
Volto-me então à releitura do primeiro capítulo, desta vez com maior sensibilidade e determinação de encontrar a vereda que me leve à compreensão da obra.
Aos poucos compartilharei com vocês esta saga de leitura. Possa até ser que nem mais leia outro livro em 2009, pois este ano até o momento já devorei 85 e Ulisses é o 86º livro. Se consegui passar por "Grandes Sertões Veredas", de Guimarães Rosa, creio que já tenho uma base adquirida para não me espantar com os neologismos de James Joyce, e olha que o gênio cria algo assim: contrasmagnificandjudeibumbatancialidade ( que pode ser isto?).
Vou ficando por aqui e breve volto a comentar sobre a leitura.

ESCOLA MÁRIO LIRA RECEPCIONA LEITURINO E MANÉ BERADEIRO

Quarta feira, dia 11, Leiturino (Francisco Martins) estará visitando a Escola Municipal Prefeito Mario Eugênio Lira, no Bairro Dix-Sept Rosado, em Natal, pela manhã. Na ocasião o Palhaço Leiturino fará um show de alegria e cultura para as crianças daquela escola.
À noite, será a vez de Mané Beradeiro (Francisco Martins) contar causos e declamar poesias matutas para os alunos desta mesma escola. Tudo isto será feito dentro das festividades da Mostra de Arte e Cultura promovida por aquela escola municipal.

O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO

Vou contar este causo e quero dedicá-lo a Fernando Caldas, cabra bom e da mesma estirpe de Renato.

Renato estava em Natal, no bairro da Ribeira e vinha saíndo do Carneirinho de Ouro, um clube tradicional na Tavares de Lyra, quando um velho chofer de praça, viciado em jogo de bicho, o avista e corre para ele falando:
--Seu Renato, essa noite eu sonhei com o senhor. Quem sonha com o senhor o que é que dá?
E Renato. mestre das respostas afiadoras, gozadas e mordazes responde:
--DÁ A BUNDA!

São causos da nossa terra, pérolas da nossa literatura, coletadas por Mané Beradeiro.

Fonte: "De Líricos e de Loucos", Augusto Severo Neto, pág. 123. Edição Clima, 1980.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

MATEUS 7: (1-5)


Que me permita acrescentar, o filósofo alemão, Martin Heidegger – que certa vez disse: “Somos seres para a morte” – a essa frase, as seguintes palavras: “passando pela incoerência”. Então, é isso caro leitor: somos seres não só para a morte, mas também para colocar em prática a nossa incoerência.

Por isso, não me surpreende que o maior homem que já pisou neste planeta, Jesus Cristo, tenha, insistentemente, falado neste assunto. No capítulo 7 do evangelho de Mateus, os primeiros versículos abordam exatamente isso: “Por que reparas no argueiro que está na vista do teu irmão, e não vês a trave que está na tua vista? Como ousas dizer ao teu irmão: ‘deixa-me tirar o argueiro de tua vista’, tendo tu uma trave na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e, então, verás melhor para tirar o argueiro da vista do teu irmão”.

Pois bem! Feito o diagnóstico, cabe-nos agora, encontrar as causas dessa doença – a incoerência – pois só assim, poderemos estabelecer o tratamento adequado. Seria a incoerência, originada pelas circunstâncias? Sim! Não vamos esquecer o que disse o grande escritor, filósofo espanhol, Ortega y Gasset: “Eu sou eu e as minhas circunstâncias”. E a circunstância, a ocasião, faz o ladrão (o PT sabe muito bem isso que estou falando...). A circunstância faz também o covarde, que num dia tem um discurso exaltado, revoltado, áspero, mas quando está na frente de quem ele se exaltou e se revoltou, muda o tom: fala manso e o que é pior: até defende, com unhas e dentes, o seu antigo desafeto...

Esse tipo de comportamento ocorre em todas as profissões, mas duvido que seja mais comum do que no meio médico. Afinal, se hoje, estamos sofrendo todas essas mazelas – baixos salários, condições subumanas de trabalho, etc. etc. – é porque os nossos pretensos “líderes” da classe médica, um dia, quando ainda não estavam na cadeira do poder, tinham um discurso aguerrido, bravo e duro contra os poderosos, mas, quando se torna um deles – um poderoso (de pés de barro, é bem verdade) – mudam o discurso, o conteúdo e o seu tom... Quando eu sou médico, apenas médico, eu critico, mas quando estou diretor de hospital, vereador, deputado, secretário de saúde, etc. etc. aí eu me transfor mo... e haja incoerência incoerente!

E essa incoerência incoerente é terrível, pois - diferentemente da incoerência defendida por Osho, o mestre budista, que certa vez disse: “Se você realmente quer desfrutar a vida em toda a sua riqueza, tem que aprender a ser incoerente, a ser coerentemente incoerente”-, ela, a incoerência não coerente, é aquela que permite que milhares de pessoas sejam mortas nos corredores dos nossos hospitais públicos, porque eu não tenho a coragem de continuar coerentemente coerente com o meu discurso que tinha antes de ocupar a cadeira do poder...

Então, caro leitor, já temos duas causas para a mudança tão rápida, extremante abrupta, do nosso comportamento: a circunstância e a cadeira do poder. Porém, há outra causa muito mais forte, explicada pela física quântica: toda vez que inspiramos, colocamos para o interior do nosso organismo um trilhão de átomos que um dia podem ter sido também respirados por Cristo, Madre Tereza de Calcutá, Gandhi, Hitler, Saddam Hussein... e o danado é que me parece que os átomos desses dois últimos têm sido responsáveis pelo ar- mau cheiroso, e bote fétido nisso - que estamos respirando na saúde do nosso estado...

Portanto, meu caro amigo, você que tem me acusado, constantemente, de incoerente, veja que a origem desse problema pode está em você mesmo, afinal não tenho cadeira do poder, nem pretendo “criar” circunstâncias para ocupá-la. Portanto, só resta-nos acusar os átomos que estou respirando, quando estou perto de você... mas, não se preocupe, como cirurgião, será fácil resolver esse problema: usarei sempre a máscara cirúrgica, quando lhe encontrar, certo?

Francisco Edilson Leite Pinto Junior (edilsonpinto@uol.com.br)

Professor, médico e escritor

domingo, 1 de novembro de 2009

ASSIM DISSERAM ELES


"Eu não tenho medo da morte. Só não quero estar lá quando ela aparecer"

Woody Allen

O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO


Como amanhã é o Dia de Finados, o causo de hoje é sobre um falso defunto. Fui buscar esta história, assim como as demais, na imensa literatura que existe sobre o tema espalhada por aí. Desta vez bebi na fonte da grande Cora Coralina, no livro "Estórias da casa Velha da Ponte", edição de 1987.
Vamos então ao causo.
"Seu Maia" teve um ataque de catalepsia e foi tido como morto. Ele era casado com Dona Placidina, que já não estava tão encantada com o marido que há muitos anos vivia maltratando-a. Como é costume naquelas terras de Goiáis, Dona Placidina com muita alegria e prazer preparou o velório, fazendo bolachas, servindo café, bolo, outras comidas e até mesmo pinga.
Finalmente chega a hora de levarem "Seu Maia" para o cemitério. Os homens partem carregando o caixão, segurando-o pelas alças, alguns estão em estado de fogo, fruto da tamanha quantidade de pinga absorvida. E entre uma rua e outra em direção ao cemitério, quando dobram um esquina, o caixão de "Seu Maia" vai de encontro a um lampião que havia naquela esquina. O Choque é intenso, o poste de ferro do lampião da Rua do Fogo despedaça o caixão, fazendo com que "Seu Maia" acorde do ataque e fique sentado no meio da rua. O povo corre... é grande o alvoroço na cidade.
Dona Placidina fica triste.
Alguns meses depois, realmente "Seu Maia" morre de verdade e desta vez, quando o caixão vai saindo de casa para o cemitério Dona Placidina Adverte: "--Cuidado com o lampião da Rua do Fogo, não vão fazer como da outra vez".

A MORTE

A morte é como um golpe inexorável,
Desferido, sem pena, contra a vida,
Separando a família unida...
Dissipando a fortuna mais durável.

O grande, o rico, o pobre, o miserável,
A gente mais famosa, mais temida,
A morte leva tudo de vencida,
Na fúria mais cruel, mais indomável.

Mas a morte do justo é tão preciosa
Que, sofrendo...morrendo...ele já goza,
Qual nauta que escapasse do escarcéu.

Se arrasta para o inferno o pecador,
Se espalha pelo mundo, o pranto, a dor,
A morte leva os santos para o céu!...


Dom Marcolino Dantas
Livro: Dom Marcolino Dantas por ele mesmo, do Côn. José Mário de Medeiros